Heri Rousseau
Henri Julien Felix Rousseau, chamado o douanier (algo como guarda aduaneiro), nasceu em 1844, na cidade francesa de Laval, e morreu em Paris, em 1910, de uma grangena mal curada na perna.
Aqui começa o mito Rousseau. Ele nunca foi guarda alfandegário, mas um modesto empregado no Octroi (barreira) pequena construção nas portas de Paris, onde ficavam três ou quatro funcionários, encarregados de verificar os veículos que transportavam vinho, leite, sal, cereais e petróleo de iluminação.
Homem do povo, simples e autodidata. Rousseau encontrou sozinho o seu caminho artístico. E tornou-se um dos maiores pintores da história contemporânea, verdadeira glória nacional, autentico personagem de lenda.
No começo, com exceção de alguns pintores, poucos perceberam a importância que a arte do século XX iria atribuir-lhe. Sem reconhecimento com freqüência foi ridicularizado. Por outro lado teve uma consagração fulgurante.
Apena duas décadas após a sua morte, suas telas valiam fortunas e muitas delas, reconhecidas como autênticas obras primas, entraram na coleção dos maiores museus do mundo. A encantadora de serpentes, por exemplo, está no Louvre desde 1930.
Robert Delaunay reconheceu imediatamente o grande valor de Rousseau e já assinalava:
“Rousseau instala-se ao lado dos mestres que anunciaram a arte moderna e, ás vezes, domina-os por sua grande fé, sua ingenuidade e seu sentido de estilo”.
Apesar do desdem de certos críticos, ele logo ganhou admiração e foi defendido por pintores como Odilon Redon, Pissarro, Matisse, Signac e toda geração de grandes artistas de vanguarda que os seguiram
Rousseau trabalhava e em 1893,conseguiu a antecipação da sua aposentadoria para se dedicar inteiramente a pintura. Ao menos uma vez por ano, durante o Salão dos Independentes, onde começou a expor em 1886, poderia ser visto ao lado dos futuros grandes nomes da pintura moderna.
A influência exercida por Rousseau na arte do século XX, e a contribuição que sua pintura truxe, abrindo novos horizontes aos grandes pintores do modernismo foi comparada e exercidas por seus contemporâneos da geração pos-impressionista.
Picasso, por exemplo, desde 1908 buscando certas idéias em Rousseau, mostrou os primeiros vestígios dessa influência em sua arte. A pujança natural dos retratos de Rousseau tinha impressionado sobremaneira Picasso, que declarou:”A primeira obra do douanier que tive a oportunidade de adquirir, nasceu em mim com um poder obsessivo. Disse ainda que era “um dos mais verídicos retratos psicológicos franceses.” E nunca se separou desse quadro. Afirmou também que “o velho Rouseau era um colorista genial”.
O pintor Henri Rousseau pintou folhagens de verdes admiráveis, espaços verdes onde se divertem leões, macacos, tigres, que se igualam as mais belas tapeçarias antigas.
A plena sinceridade de Rousseau, que pelos mais puros meios sensíveis está em contato com o amor intenso pela vida, atinge um equilíbrio sensível que parece feito de facilidade e de felicidade. Essa arte sai das profundezas da alma.
Heri Rousseau abriu a via a novas possibilidades da simplicidade. Para nós esse aspecto do seu talento tão diversificado é atualmente o mais importante.
Genial e ajudado por um conjuntura artística favorável, Rousseau se tornou o primeiro pintor naïf a sair do anonimato para subir os mais altos degraus da consagração.
Seguindo de perto o caminho aberto por ele, a arte naïf literalmente explodiu. Tal como uma semente muito tempo impedida de germinar, ela cresceu vestiginosamente e se tornou um gigantesco carvalho com ramificações múltiplas e infinita.
Estraido do livro Brasil Naif, Tesmunho e Patrimônio da Humanidade
Autor: Lucien Finkelstein