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quarta-feira, 24 de setembro de 2008

"PINTURA MUSICAL" - CARLITO RODRIGUES




Ana Cavalcanti, Doutora em História de Arte pela Universidade de Paris apresenta o artista nessa mostra:

”Diante das telas de Carlito Rodrigues, somos de imediato envolvidos por cores e ritmos vibrantes: uma simplicidade que nos reserva surpresas. Essa é uma pintura que se entrega aos poucos, e nunca inteiramente. A cada vez que olhamos, novos detalhes e formas aparecem. Pouco a pouco, penetramos nesse universo visual. Nas diversas camadas de tinta, adivinhamos o processo de construção das imagens. Os tons ácidos se destacam sobre os sombrios, como os tons agudos e graves de uma canção. Nada está parado. As manchas de cor dançam e criam profundidades imaginárias na superfície exposta.”
Klee já dizia “que a pintura não cabe representar o visível, mas tornar visível o que é invisível”.
Essa é a intenção visual do artista Carlito Rodrigues que, com sua pintura, constrói essas relações secretas entre os elementos do quadro, a cor e a forma.
Foi no Museu Nacional de Belas Artes, durante o período que trabalhou como museólogo e restaurador, que surgiu a oportunidade de ver de perto o acervo do Museu, onde consolidou seus conhecimentos artísticos, passando a compreender as intenções dos pintores nas questões formais de linha, tonalidade e cor, na área restrita e misteriosa do atelier, no que podemos chamar “cozinha” ou “ a maniera” de pintar dos mestres, com suas famosas “velaturas”.
Mas é com a perspectiva, gerando conflitos espaciais na pintura de Maria Helena Vieira da Silva, que sentimos a correlação que o artista vem abordando atualmente. Como o próprio artista diz:
“Em meus trabalhos, venho criando uma fragmentação pictórica com as cores formando ritmos horizontais e verticais. Superposições de camadas, onde os quadrados e os retângulos criam uma irregularidade com suas dimensões, gerando uma oscilação espacial não coincidente. No meu trabalho, as cores confundem-se e insinuam novas cores com recursos da transparência, e fazem o olhar penetrar em estruturas mais internas e retornar ao primeiro plano, gerando uma geometria que altera a regra da janela renascentista, além de criar passagens de dentro para fora e vice-versa, modificando a “dita” clássica função da pintura.”

Carlito Rodrigues, brasileiro, estudou no Centro de Arte Contemporânea e no Atelier Livre de Artes Plásticas no Rio de Janeiro. Participou da Unión de Artistas Plásticos Contemporâneos, estudou na Escuela de Bellas Artes e no Club de Grabado de Montevidéu, no Uruguai. Realizou nesse período, mostra em Barcelona no Prêmio de Dibujo Juan Miro. Sua obra foi incorporada ao acervo do Museu de la Solidariedad Salvador Allende organizado por Mário Pedrosa no Chile e na Casa de las Américas de Havana, em Cuba. Retornando ao Rio de Janeiro, freqüentou a Oficina de Gravura do Museu de Arte Moderna e a Escola de Belas Artes da UFRJ. Formado em Museologia pela Universidade do Rio de Janeiro. Trabalhou como museólogo e restaurador na Fundação Pró-Memória, no IPHAN e no MNBA, representando este no projeto Museo del Oro - Colômbia, em curadorias e comissões julgadoras. Artista convidado pela Instituição Cultural Druzstevny ustav , da cidade de Monjmirovce na Eslováquia.
Trabalha atualmente no Centro de Artes Visuais da Funarte.

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